segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O homem.

Eu tinha largado do trabalho e caminhava por uma rua pouco iluminada, em direção ao ponto de ônibus, quando vi mais a minha frente algo estendido no chão. A princípio pensei que fosse lixo ou roupas velhas, pois as pessoas passavam por perto e não esboçavam alguma reação. Quando me aproximei da “coisa” vi que era um velho que parecia dormir. Um homem meu Deus! Muitas pessoas, inclusive eu, passavam por ali e olhavam como se fosse algo natural. Meu cansaço era tamanho a ponto de encarar aquilo com naturalidade. A imagem daquele corpo sorumbático não saía da minha cabeça, e por mais que eu não desejasse lembrar- Tentei inúmeras vezes pensar em outras coisas- eu não conseguia. Um homem! Como seria seu nome? Qual seria sua história? Por que ele estava ali jogado? Podia chover! Eram tantas perguntas... E as pessoas que não se comoviam? Eu havia esquecido que nos dias de hoje isso é tão comum. Todos estamos muito ocupados, não “perdemos tempo” com o próximo, principalmente quando o próximo é um mendigo. Somos verdadeiros computadores ambulantes, fazemos tudo ao mesmo tempo: essa é maior virtude da vida pós-moderna. Aquele homem chamou a minha atenção para outra questão importante: a invisibilidade social; ele era só mais um caso. Quantas vezes não enxergamos a pessoa que recolhe o lixo, ou a pessoa que faz a limpeza, ou ainda aquele professor que todos os dias dorme tarde preparando aula; muitas vezes não os enxergamos por que só nos preocupamos com nossas futilidades. Tá aí um dos piores males da humanidade: o egoísmo.

Se continuarmos a olhar só para nosso umbigo onde iremos parar?

                                             Jefferson Piaf
*Para Minha querida Alice Rocha.

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