quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Para aquele amor perdido.



                      -  Ao som aleatório de Lana Del Rey.
Eram dois: Um fumava desesperadamente e secava uma garrafa de vodka, enquanto o outro estava sério tentando se fazer de durão.  O que fumava também poderia se fazer de forte, mas estava cansado demais para isso. A vida toda se fingira ser forte em momentos como esse, sempre tinha que ser o adulto, o conciliador de tudo, o exemplo do grupo. CHEGA! Ele só queria ser ele; sem disfarces. A casa cheirava a cigarro. A vida de ambos cheirava a cigarro velho e molhado pela tempestade da vida. O amor é como um cigarro: no primeiro trago é mágico, uma sensação inigualável. Com o queimar das substâncias você se acostuma com ele, e quando vai chegando ao filtro um gosto amargo é sentido. Fim. Um levantou-se desesperadamente e começou a tomar café. Ele odiava café. Ninguém sabia onde fora parar aquele romantismo do início. Vai ver que a vida desgastou a relação, eles estavam tão ocupados com suas aspirações profissionais que não perceberam isso. Tarde demais para fazer consertos. Poderiam comprar passagens, adiantar as férias e quem sabe tentar um recomeço. Mas os dois sabiam que não daria certo, não estavam dispostos a tanto. Cada um para seu lado seria melhor. O problema consistia no fato de não saberem qual o lado que caberia a cada um nisso tudo. A ideia de que um outro alguém tocaria o corpo, beijaria os lábios, faria juras de amor, tocaria as mãos que um dia foram suas corrompia os nervos. Não estavam preparados para isso. Não estavam preparados para nada na verdade. Mas era um mal necessário. O cansaço os dominava. Fartos de levar uma vida de aparências, de ser o casal mais feliz do mundo, no fundo não eram mais.
  Enquanto um gritava, loucamente, por mais vodka e mais cigarro o outro quebrava copos na cozinha por não ter mais café. Eles adiaram o quanto puderam este dia, até chegar o estado de ser insuportável ter que conviver com o outro, ter que dormir lado a lado, e ter que, às vezes, transar com o outro. O melhor era parar logo com isso antes que o final fosse mais trágico. O mais novo iniciou o discursos com coisas do tipo É melhor pararmos por aqui, acho que já não dá mais e não temos coragem para fazer isto, mas é melhor que façamos logo. O outro, que se fizera de forte até o momento, começou a chorar como uma criança ao nascer. Abraçaram-se e um consolou o outro. Era uma relação intrínseca de dependência, mas era necessário jogar tudo fora! Para um era como se tocar o outro fosse necessidade, mas ao mesmo tempo era algo que doía que lhe causava vômitos descontrolados. Eles precisavam de paz, e estar juntos não traria tal paz. Prometeram nunca esquecer um do outro, juraram amor eterno, mesmo sabendo que não havia mais amor. Juraram se procurar quando tudo acalmasse, quando as feridas cicatrizassem, quem sabe até retomar aquela amizade lá do comecinho, e serem ‘bests’ novamente. Planos.
  Cada um juntou seus cacos e buscaram, cegamente, seu lado da história. Todo começo é difícil. Principalmente quando se começa com o peso de um mundo nas costas, com uma vida fracassada, quando o ponto de partida na verdade é o ponto de chegada. Mas tudo passa. Mesmo com o começo desses é preciso prosseguir e acreditar em dias melhores. Dias ensolarados; domingos floridos e regados a muito riso, muita alegria. Talvez daqui há 10 anos eles se reencontrarão, provavelmente estarão com um novo amor, até lá já tiveram outras histórias. Cumprimentar-se-ão, tomarão uma bebida, conversarão sobre coisas como o trabalho, a família, a vida, os amores perdidos, os amores construídos, sobre aquele amigo que falecera, sobre aquele outro se mudou para outro país... Sobre a história que ambos tiveram. O que nem eles, nem ninguém no mundo, conseguirão apagar é o amor que um dia tiveram, e que certamente foi o amor mais tênue, mais lindo e encantador que se pode ter. vida que segue...

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