domingo, 2 de janeiro de 2011

A carnificina do amor



Não quero amar, não quero o amor... Não esse amor malévolo que nos torna escravos seu.
Quero o doce amor do poeta pela vida. O amor do inocente poeta pelo mundo.
O amor jovial que nos deixa longas noites sem dormir pensando na pessoa amada.
Não quero o amor doentio, irracional. Esse falso amor que destrói nossos corpos como vermes sedentos por destroços.
Quero o amor pulsante, o amor que nos deixa sensíveis o suficiente para contemplar o desabrochar da mais linda flor do dia.
Quero o amor de Picasso por sua arte. Amor este que o sugou por completo até a morte.
Mas o amor não existe... O amor só existe nos versos. Só nos poemas o amor é perfeito, imaculado. Na vida real só há o amor feio, sofrido, lânguido. Esse amor eu não quero!
Vou embora sem destino... Não há porquê ficar aqui, não há porquê sonhar com o amor. Ele não passa de uma ilusão de menino.
Vou embora, e quero como companheiras a solidão e a desilusão de um amor. Farei de minha casa esse mundo sem fim... Farei do vento minha dança eterna. Nada me prende aqui. Não tenho mais amor, não tenho mais vida.
Eu quero ver o mar...
                               Jefferson Piaf

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