sábado, 22 de janeiro de 2011

Lembranças de uma mente vazia. Capítulo I. Parte I

Acordei com dor de cabeça.
Está tudo girando em minha frente.
Só o que vejo é uma sala úmida e pouco iluminada. Uma luz fraca e entrecortada vem do bocal velho do teto.
Tudo aqui cheira a mofo.
O estalar das gostas de água, caídas do teto, deixam minha cabeça pior!
Eu não sei onde estou.
Forço a mente para lembrar por que estou aqui, mas não me lembro de nada... É como se tivessem apagado minhas lembranças.
Tudo foi apagado: meu nome, minha história, minha vida... Fico aterrorizada! E pergunto-me por que fizeram isso comigo.
O que será que fiz? 
Em vão eu tento buscar respostas, dentro de mim, que não há.
Minha roupa está rasgada e com manchas de sangue. Deve ser meu sangue! O medo começa brotar em meu âmago quando começo a me dar conta que estou enclausurada.
Não há saída.
Quero fugir desse lugar, sair correndo... Impossível, estou impotente. Tento levantar-me, mas não sinto meu corpo, parece que cortaram minhas pernas. Meu corpo não obedece ao comando do meu cérebro. Acho que apagaram até minha capacidade de andar... Estou me conhecendo outra vez!
Minha visão ainda está turva, mas consigo ver uma porta a minha frente. Uma porta grande, e aparentemente muito segura. Ver essa porta despertou em mim à esperança de sair daqui. Conquanto, logo recordo que não consigo andar! Imerso, outra vez, no mar das desilusões.
Mas eu posso gritar! Mesmo achando impossível que alguém me escute, eu tento gritar... Minha voz não sai! Penso que é o meu nervosismo travando o mecanismo da minha fala. Descanso um pouco e recomeço as tentativas de gritar.  Frustração. Não consigo falar. Roubaram-me o direito de expressão! Malditas pessoas que fizeram isso.
Será que isso é real? Sim, pode ser um sonho! Muitos sonhos se aproximam da realidade... Eu devo estar sonhando, em breve acordarei e saberei quem sou. Eu queria mesmo que fosse só um sonho triste, porém, com o passar do tempo tenho a convicção de que é tudo verdade.
Mergulho em um rio de lágrimas... Não dá para controlá-las! Tento abstrair meus pensamentos para não pensar no pior... Morte!
Não paro de pensar o que irá acontecer comigo. Se eu ficar aqui nessas condições, eu morrerei. Mas estou inerte, impediram-me de tudo! Fecho os olhos na esperança de lembrar alguma coisa... Nada vem a minha mente. Nenhuma pista sobre minha história. Tudo que sei de mim é que sou uma mulher que não anda, não fala e não tem memória.
Passos... Ruídos.
Parece que alguém está empurrando algo muito pesado! Mas onde?  Não sei responder...
Em seguida, silêncio! Nada além de minha respiração eu posso ouvir. Choro novamente! Não tenho noção alguma de tempo, a solidão começa a destruir meus neurônios. Meu psicológico está em curto-circuito.
Meu coração está acelerado, as lágrimas não cessam...
Imagens bizarras passam em minha cabeça! É o efeito de ficar muito tempo em uma sala inóspita. As alucinações persistem em me perturbar! Sinto uma enorme triste, mas não entregarei os pontos...
Ainda há, lá no fundo, a esperança de que eu sobreviverei a tudo isso! Tenho dentro de mim a fé na ilusão de que tudo não passa de uma triste experiência. Um triste engano. Em breve eu serei salva.
Os passos voltam e dessa vez sem barulho de arrastado. Alguém parece caminhar. Passos firme; devem pertencer a uma pessoa resoluta, autoritária. Cada passo que escuto é um tiro em meu peito. O som deles me causa medo. Medo do que pode me acontecer.
 Os passos se aproximam e eu vou enfraquecendo. Tento lutar para ficar acordada e ver quem entrará, mas não aguento...

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