sábado, 1 de janeiro de 2011

O homem e a Ilha




Em uma noite chuvosa um navio que se dirigia ao norte naufragou, e só um jovem salvou-se. Não se sabe como aquele rapaz conseguiu sobreviver. Ele foi arrastado pelo mar até uma ilha distante; acordou com as ondas a banhar-lhe o rosto.
O rapaz estava confuso, mas aos poucos foi lembrando-se do ocorrido. Poucas lembranças. Ao longe ele avistou uma floresta, e perto dela havia uma cabana. O jovem seguiu em direção àquele casebre de palha. Mesmo com muita dor de cabeça e muita tontura ele conseguiu chegar até lá.
A cabana aparentava estar abandonada, entretanto, por dentro ela estava em perfeita ordem. Alguém deve ter passado há pouco tempo por ali. O rapaz ficou feliz por achar abrigo nas circunstâncias que se encontrava. Com muito sacrifício ele fez uma pequena fogueira para se aquecer, e ainda tinha algumas frutas dentro de uma cesta.
Aos arredores daquele abrigo havia muitas árvores com frutas diversas. O tempo foi passando e o jovem já estava acostumado àquela ilha, ele não se preocupava mais em sair de lá. Naquele lugar ele tinha tudo que precisava: muitas frutas; água de coco em abundância; um lugar para dormir... O homem nunca se preocupou em saber o que tinha por trás da floresta, pois tudo que ele precisava estava ao alcance. Não tinha porquê sair explorando o desconhecido sem necessidade.
O homem envelheceu ali naquela ilha, naquele mesmo lugar perto da praia. Após trinta anos de claustro ele morreu. Não se sabe até hoje a causa da morte, deve ter sido velhice, solidão... O velho morreu sem saber que depois daquela floresta existia uma grande cidade. Ele só precisava seguir uma trilha. Mas ele teve tudo que uma pessoa necessita para viver. Explorar aquela floresta seria cansativo, ele ficaria doente e poderia ser mordido por algum bicho. O inocente homem passou trinta anos tão longe e tão perto do mundo.

                                Jefferson Piaf

Um comentário:

  1. Uma boa Metafora para demonstrar nossas condições de alienação, vivemos no mundo mascarado e nos acustuma-mos, talvez seja melhor, que a verdade.

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