sábado, 18 de dezembro de 2010

Apenas viva!






E o menino que era tão seguro, agora está perdido. Bruno. “Da próxima vez eu seleciono melhor as pessoas que chamarei de AMIGOS!”-pensou o jovem no caminho de casa. Bruno estava muito confuso com os últimos acontecimentos. Ele sempre foi o certinho da turma, o mais responsável. Em menos de uma semana sua vida tinha mudado completamente. Até ontem ele achava que era besteira; com o tempo iria esquecer. Hoje, ele tinha dúvidas sobre sua sexualidade.
Bruno sempre foi um menino tímido, por isso não teve muitos amigos. Desde criança sentia atração por meninos, na cabeça dele era coisa de criança. Porém, esses sentimentos foram crescendo com o tempo, e nas últimas semanas estavam piores. Bruno estava muito triste com isso; sua vontade era reprimir esses desejos, pois ele tinha medo do preconceito. Todas as tentativas foram frustradas. As pessoas começaram a perceber que algo de errado estava acontecendo com ele. Bruno estava sempre reservado, pensativo. Nem nas aulas de português, que ele adorava, ele interagia. Até em casa ele estava estranho, não fazia as refeições com frequência, e só falava o necessário.
Na tentativa de obter ajuda, bruno confidenciou a Augusto - um colega de classe- seu drama interior. Bruno dissera ao amigo que estava em dúvida; achava que era gay e não sabia o que fazer. Augusto prometeu segredo, porém, as pessoas mentem. No outro dia todos sabiam que bruno era gay. O menino não entendia por que todas as pessoas o olhavam enquanto ele caminhava até sua sala. Ele não precisou de muito tempo para chegar a uma conclusão óbvia. Bruno agora estava com o dobro de problemas. Ele tinha vontade de chorar e sair correndo daquele lugar, conquanto, se ele o fizesse seria pior; um dia ele teria que encarar as pessoas de qualquer jeito.
Foi a pior manhã da vida de Bruno; seus companheiros de turma o olhavam da forma mais horrível que podiam. Bruno se sentia um alienígena. O tempo não era seu amigo. Os ponteiros pareciam que estavam parados. Quanto mais ele queria que acabasse logo aquela aula, mais demorava. Bruno voltou triste para casa. Quando chegou, foi correndo para o quarto; estava tão triste que não viu sua mãe na sala. Laura percebeu que algo tinha acontecido com o menino, pois, ele nunca tinha chegado como um furacão. Imediatamente ela foi ao quarto de Bruno:
- Bruno? Posso entrar?
-Oi mãe. Pode sim.
- Aconteceu alguma coisa meu filho?
- Não mãe. Tudo bem.
- Não está tudo bem, bruno. Você sabe que não está! Você nunca chegou a casa como chegou hoje. Há uns dias que percebo seu comportamento estranho.
- Não sou muito bom em disfarces, né?
- Sim. E mesmo que fosse, toda mãe conhece seu filho. Eu já imagino o que lhe tem acontecido.
- Eu estou com vergonha mãe, mas eu preciso conversar com alguém. - dizia bruno deitado no colo da mãe.
- Você sabe que pode confiar em mim, meu filho.
- Mãe, eu acho que sou gay. E todos na escola já sabem. Eles me olharam hoje de uma forma tão ruim, mãe. Senti-me muito mal com tudo. Se eu pudesse escolher, preferia não ter nascido assim. Eu estou muito confuso com tudo.
- Fique calmo, meu filho. Eu sempre soube disse, só estava esperando a hora que você iria contar-me. – falava Laura enquanto alisava a cabeça dele.
- Como assim você sempre soube?
- Como eu lhe disse, toda mãe conhece seu filho.
Laura levantou da cama e foi até a janela, pensativa:
- Bruno, venha até aqui. Olhe lá em baixo, a bolhinha com seus filhotes.
- O que têm eles mãe?
- Olhe bruno! Responda-me: Eles são iguais?
- Não mãe. Um é preto, outro branco e ainda tem um que é todo pintado.
- Mas eles são infelizes por causa disso? Bolinha rejeitou-os por não serem iguais?
- Não, ela ama todos igualmente. E eles não parecem infelizes.
- Então não se sinta infeliz por ser diferente, meu filho. As pessoas terão que gostar de você bem do jeito que você é Bruno. Pare de confusão e seja feliz, meu bem. Não perca tempo se perguntando por que você nasceu assim ou escolhendo como queria nascer. Apenas viva! Aproveite sua vida. – Laura beijou a cabeça do filho e saiu.
Quando sua mãe saiu, bruno trancou-se no quarto e dançou sua música favorita: Elephant Gun, de Beirut.
“Farei de minha vida uma dança eterna...”- Gritou bem alto.


                                          Jefferson Piaf

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