quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Júlia. Nunca é tarde para amar...( capítulo XI)

Em busca de uma aliada...
             (juntas salvaremos o amor, tão exaltado pelos poetas românticos) 

Não fiquei satisfeita com a conversa que tive com Tavinho. Eu precisava mostrar aos dois que tudo não passou de uma armação. Mas como? Genny. Eu tinha quase certeza de que foi dona Andréia quem armou tudo isso. Ela nunca gostou de Júlia, por ser de uma família humilde. Ela sonhara para o filho um casamento milionário. Durante o namoro dos dois, ela fez de tudo para separá-los. Apesar de ser óbvio que foi ela a autora de tudo, eu não posso sair por aí acusando as pessoas sem provas. Decidi procurar Genny e pedir ajuda.
   Octávio me deu o endereço do trabalho dela. Após minha conversa frustrada com ele, fui diretamente à escola onde ela trabalha. Quando cheguei ao estacionamento, avistei Genny de longe, entrando no carro. Buzinei:
- Genny! – ela olhou para trás. Tentava reconhecer a voz, assim como a pessoa. Fui me aproximando dela:
- Sou eu, genny! Francy. Esqueceu de mim?
- Claro que não! Pensei que você estivesse nos Estados Unidos.
- Eu estava. Cheguei há uns meses.
- Que bom vê-la. Quase que você não me encontra, eu estava indo para casa.
- Ainda bem que te encontrei. Preciso falar com você. Pode ficar tranquila, não é nada de tão grave.
- Vamos a um café aqui perto. Assim, podemos conversar melhor. Siga meu carro.
- Ok.
  Eu estava sem jeito de dizer a Genny que desconfiava da mãe dela. Mesmo sabendo que a relação entre elas não era das melhores, ninguém gosta que fale mal de sua mãe. Conversamos sobre nossas vidas. Eu contei sobre minha estadia na América do norte, do canadense, de Júlio, de Arthur... Toda aquela história, que vocês já sabem! Genny me contou do trabalho voluntário que estava desenvolvendo em uma favela. Vendo minha impaciência, ela falou:
 - Então Francy, você não veio até aqui só para falarmos de nossa vida.
 - Pois é, vim para falar sobre o Tavinho e a Júlia.
 - Aqueles dois parecem duas crianças. Ele me contou da conversa que teve com ela. Que loucura dela, Francy. Não entendi nada daquela história da carta.
- Loucura mesmo. É justamente essa carta o motivo que eu estou aqui.
- Nossa Francy. Estou curiosa. Conte-me logo.
- Está bem... Um belo dia Júlia recebeu uma carta, que tinha sido escrita, supostamente, por Octávio. A carta falava um monte de coisas. Ele pedia para ela esquecê-lo; não procurá-lo mais para nada; que ele não a amava mais. Em anexo à carta estavam umas fotos do Tavinho com Maria Clara, ele dizia que iria namorá-la... Enfim, a carta era enorme. E o pior de tudo que era a letra dele.
- Mas o Tavinho nunca escreveria isto. Ele era apaixonado por Júlia. Ele já falava em casar.
- Eu sei que ele não escreveu aquilo. Eu disse a Júlia, na época. Ela até disse que iria procurá-lo, mas na mesma semana, que ela recebeu a carta, chegou um convite da universidade de Paris sobre a bolsa de mestrado. Eu achei muito esquisito, por que fazia muito tempo que ela tinha pedido esta bolsa, e nunca tinha chegado nada. Justamente quando aconteceu isso, o convite chegou!
- É esquisito mesmo! Alguém fez isso tudo para separá-los.
- Eu desconfio de uma pessoa Genny, mas não tenho provas.
- De quem você desconfia?
- De dona Andréia Cavalcantti Sodré. – Genny olhou-me confirmativa. Ela já deveria pensar o mesmo.
- Faz sentido Francy. Minha mãe sempre foi contra o namoro dos dois. Ela, mais do que qualquer outra pessoa, queria vê-los longe um do outro.
- Ela deve ter mandado algum copiador imitar a letra do Tavinho.
- Isso mesmo! Ela sabe como Júlia é durona e orgulhosa. Seria difícil Júlia não acreditar se visse a letra dele.
- É. Eu acredito que a história do mestrado tem participação dela.
- Concerteza Francy! Minha mãe não poupa esforços quando quer algo. Às vezes tenho vergonha de ser filha dela. Como uma pessoa pode querer a infelicidade do filho, só por causa de dinheiro.
- Não tenha raiva dela Genny. Ela é só mais uma vítima desse capitalismo desenfreado.
- Eu sei. O dinheiro tem deixado ela louca cada dia mais. Depois que ela conseguiu separar o Tavinho de Júlia, o jogou nos braços da primeira menina de família rica que apareceu.
- Depois que eu disse a ele que Júlia estava na Europa ele sumiu. O que aconteceu com ele?
- Ele pensou que ela o tinha trocado por outro. E minha mãe trabalhou assiduamente nisso. Infernizava-o falando mal de Júlia. Dizia que ela nunca o amou que só estava interessada no dinheiro da família, e na primeira oportunidade tinha largado ele por outro cara mais rico.
- Júlia nunca foi interesseira. Ela estava com Tavinho por que o amava.
- Nós sabemos disso Francy! Minha mãe pensa que as pessoas são como ela. Alguns meses depois do “sumiço” de Júlia, ela apareceu com Maria Clara. Ela era filha de um empresário amigo do meu pai. Ela jogou Tavinho nos braços da menina. Tavinho nunca amou Maria Clara. Foi muito infeliz com ela. Ele pensava todos os dias em Júlia, só casou com a outra por causa da minha mãe.
- Coitado. Estou muito mal em ouvir isso tudo. Precisamos fazer alguma coisa para ajudá-los.
- Concordo com você. Precisamos intervir e mudar o rumo dessa história.
- Mas eu não sei como. Já falei com o Tavinho, ele não quer nem saber de Júlia. Ele está muito magoado com ela, e ele tem razão. Mas ela foi tão vítima quanto ele!
- Você tem razão, francy. Se, realmente foi minha mãe que fez isso tudo, ela que vai concertar o erro.
- Mas como?
- Eu sei como. Só preciso confirmar que foi ela. Não se preocupe, eu irei conversar com ela.
- Muito obrigada Genny.

 Trocamos nosso número de telefone para mantermos contato. Agora, sim, eu estava satisfeita. Tenho certeza que Genny vai fazer a dama de ferro concertar isso tudo. Voltei para casa mais aliviada depois daquela conversa.
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