domingo, 28 de novembro de 2010

A cidade, A menina e O todo poderoso.

                           
Em uma parte esquecida do planeta havia uma cidade. Uma cidade com poucos habitantes. Lá não havia escola, e só tinha um pequeno hospital, que nunca funcionava. O todo poderoso não permitia escolas na cidade. As pessoas eram leigas e subordinadas a ele. E quem era ele? Um grande latifundiário que mandava em tudo naquela cidadezinha esquecida por todos.  Nossa pequena salvadora mora nesta cidade. Flora. Ela era uma menina diferente, sabia ler. Sua mãe tinha ensinado-lhe escondido. A mãe de flora não tinha nascido na cidadezinha; ela fora trazida pelos capangas do todo poderoso junto com outras pessoas.
O todo poderoso saqueava outras cidades e roubava as pessoas. Idade média no mundo contemporâneo. As pessoas que sabiam ler, ele matava. Ninguém podia ler ou escrever, era proibido. Ele era o poder supremo. Ele que sabia de tudo. As pessoas, que eram a base, só podiam saber uma coisa: dizer sim!
A mãe de flora mentiu. E quem não mente? Ela disse que não sabia ler. Quando a mãe de flora foi leva à cidade, nossa menina ainda era de colo. Acompanhava sua mãe, todos os dias, até a fazenda do todo poderoso. Já largava na hora de voltar! Flora crescia e não entendia o porquê daquilo tudo. Não entendia por que as pessoas tinham que trabalhar tanto.
Uma vez ela disse a sua mãe para fugirem da cidade. Ela não sabia que a cidade era cercada por homens armados com as mais potentes armas. Impossível fugir! Disse a mãe de flora. Nossa pequena heroína frustrou-se com aquela resposta seca, sem esperança, que sua mãe dera. Flora aprendeu a ler e a escrever, com muito sacrifício. Sua mãe trabalhava muito; não tinha muito tempo para ensinar à menina. Mas flora aprendeu! O problema é que não tinha livros para ler...
As pessoas daquela cidade eram sorumbáticas. Mal falavam, Mal conseguiam andar. Elas só sabiam trabalhar; máquinas humanas. Elas Ficavam a maior parte do dia encurvadas na lavoura, com o tempo, só andavam naquela posição. Desaprenderam a andar! Alienaram-se completamente às ordens do todo poderoso. Mas aqueles pobres seres não sabiam que um dia tudo mudaria. A salvadora daquela esquecida cidade estava desabrochando!
Flora teve um encontro decisivo em sua vida! Depois daquele encontro ela não seria a mesma menina alienada de antes. Enquanto caminhava por uma rua pouco conhecida, algo chamou a atenção da menina. Um livro com letras douradas, chamativas. Flora correu e o apanhou. Em letras douradas estava escrito: FLORA TRISTAN, A PARTICIPAÇÃO FEMININA NO SÉCULO XIX.
Flora ficou assustada. “de onde veio este livro? O todo poderoso proíbe livros dentro da cidade. Por que esse livro tem meu nome?”- pensou flora. Muitas coisas passavam em sua pequena cabeça. Em um movimento súbito, flora jogou o livro para dentro da blusa. Se algum capanga do todo poderoso visse aquele livro, ela estaria em problemas.
Quando chegou em casa, ela leu o livro desesperadamente. Estava muito curiosa para saber quem era aquela mulher que tinha o mesmo nome que ela. Flora descobriu que sua chará foi uma grande mulher. Contribuiu na luta do proletariado no século XIX; teve que lutar contra o preconceito por ser uma mulher. Sofreu para conseguir seus objetivos. Lutou até o fim, foi contra o machismo francês de sua época. Uma mulher de vanguarda. Todas as vezes que precisou começar do zero, fez com ousadia, com coragem.
Flora ficou fascinada com a história daquela mulher; sentiu-se orgulhosa pelo seu nome. Um pensamento brotou em sua mente. Se no século XIX uma mulher lutou contra o sistema, por que uma menina no século XXI não lutaria? Nossa heroína estava decidida, iria fazer o mundo conhecer aquela cidade e o todo poderoso. Aquelas pessoas não poderiam ficar eternamente ali, trabalhando como escravas. O todo poderoso tinha que ser destronado.
Flora não podia contar nada a sua mãe, nunca que ela permitiria que a menina se rebelasse contra o todo poderoso. Então, flora procurou dona Palmira, uma das mais antigas moradoras daquela cidade. Ela poderia ajudar flora. Ela conhecia aquela cidade melhor que qualquer outra pessoa. A velha Palmira riu quando escutou a proposta surreal de flora. “Impossível sair daqui minha menina, estamos cercados por todos os lados.”- falou a velha. “Deve ter um jeito de sair daqui, minha velha. Nenhuma prisão é segura totalmente. Tem que haver um jeito para eu sair daqui. Eu vou libertar vocês.”- falava nossa pequena salvadora.
A velha Palmira gostava da ousadia da menina, há muito tempo que não encontrava alguém com aquela vontade. “Toda noite eu levo o café pros capangas do todo poderoso, lá do outro lado da cidade. Ninguém pode andar por lá sem autorização. Quando anoitecer eu te levo.”- falou a velha com um sorriso no rosto.
Flora estava ansiosa. Passou o resto da tarde impaciente. A noite chegou. A mãe de flora perguntou para onde ela iria àquela hora da noite. A menina, com um ar de sonhadora, disse que iria salvar a todos. A mãe pensou que fosse coisa da idade, os jovens sonham em salvar o mundo, mas não era coisa da idade! Flora encontrou-se com a velha Palmira e foram levar o café dos capangas. Flora ficou escondida enquanto a velha servia o café aos homens. Não demorou muito para que os capangas caíssem em sono. A velha Palmira tinha colocado sonífero na bebida deles!
“Vai flora, corre! Vai à busca do teu sonho minha menina! Lutar pela nossa liberdade
Mostra ao mundo nossa cidade! Liberta-te dessa corrente capitalista! ”- gritava a velha Palmira enquanto a menina corria pela mata.
Uma semana depois flora estava estampada na primeira página dos jornais de todo mundo. A TV só falava naquela menina que fugiu da escravidão pós-moderna e denunciou o todo poderoso. O mundo conheceu aquela cidadezinha, nunca mais ela seria esquecida. O todo poderoso tentou fugir, mas foi pego antes. Ele foi condenado à prisão perpétua, seguida de trabalho forçado em uma mina. As pessoas foram libertas, puderam, enfim, ver a luz da liberdade. Com o tempo elas aprenderam a andar, a falar, a pensar. Nossa pequena menina entrou para história, assim como sua chará do século XIX.
Flora deixou o exemplo. Nunca devemos abaixar nossa cabeça! Lutar sempre pelos nossos direitos. Por mais que as circunstâncias nos façam pensar que somos UM NADA, devemos mostrar que somos a revolução!  Só precisamos dar o primeiro passo.

                                               Jefferson Piaf

Um comentário:

  1. Uma pena que no século XXI ainda não tenha surgido nossos hérois.Mas quem sabe né? eu torço por isso, apesar de muitas vezes falar que não a mais esperança, porém nunca devemos baixar a cabeça, mesmo falando que não acredito em mudanças no fundo eu ainda espero por uma Flora ou um Chevara..

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